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Foto do escritorReginaldo Angelo dos Santos

A falácia da falta de energia de pessoas acima de 50 anos*



Qualquer forma de discriminação é abominável, mas vamos falar da discriminação etária. Fui demitido de uma multinacional em 2017, aos 52 anos e mais de 30 trabalhando em empresas. Sabendo da discriminação por idade no mercado de trabalho, logo parti para a ação. Mas o que pretendo com este artigo não é simplesmente relatar meus feitos, mas destacar o que fiz a partir dos 52 anos, e quanta energia e vitalidade ainda guardo para realizações futuras.


Cinco dias depois da demissão, em outubro de 2017, considerando minha formação em Contabilidade e Direito, surgia a T4B - Tax For Business, uma consultoria tributária estratégica, especializada em conectar tributação, planejamento e modelagem fiscal de negócios.


Um ano depois, em setembro de 2018, aproveitando minha experiência como advogado tributarista em algumas das empresas onde trabalhei, passei a exercer em nome próprio minha maior paixão, a advocacia tributária. Assim nascia a R. Angelo | Advocacia e Consultoria Jurídica Tributária.


Em fevereiro de 2019, rumei para Lisboa para um Curso de Formação em Arbitragem Tributária pela FGV DIREITO SP. No retorno, passei a fazer parte de um Grupo de Estudos sobre o Tema, na mesma instituição, o ADRs em Questões Tributárias . Hoje sou pesquisador do Grupo.


Em novembro de 2019, passei a escrever artigos jurídico-tributários para uma das mais respeitadas mídias especializadas em temas jurídicos do país e do mundo, o Portal JOTA.


Em dezembro de 2019, fui aprovado para integrar o quadro de professores de MBA em Gestão Fiscal e Tributária da Live University, minha segunda maior paixão, compartilhar conhecimento. Aprendi a operar um sistema novo, onde estão concentradas minhas maiores avaliações, nas aulas online. Então, pessoas com mais de 50 anos não aprendem novas tecnologias?


Em outubro de 2020, com muito orgulho, fui convidado a integrar a Comissão de Contencioso Tributário da OAB/SP.


No final de 2021, fui aprovado para o programa de mestrado acadêmico da Escola Paulista de Direito, na Linha de Pesquisa: Princípios e Mecanismos do Sistema Nacional de Soluções Extrajudiciais de Controvérsias.


Entre 2019 e 2024, publiquei 16 artigos em revistas acadêmicas e mídias especializadas, incluindo as revistas da Faculdade de Direito do Recife, FGV DIREITO SP e mídias eletrônicas como JOTA e Revista Consultor Jurídico (ConJur).


Em fevereiro de 2024, me tornei mestre em direito na área de concentração: Princípios e Mecanismos do Sistema Nacional de Soluções Extrajudiciais de Controvérsias, no qual fui aprovado com distinção.


Em junho 2024, publiquei meu livro, fruto da minha dissertação: Fundamentos para implementação da arbitragem tributária no Brasil e a experiência portuguesa, publicado pela Editora Letramento (Casa do Direito). A obra integra o acervo da biblioteca Ministro Oscar Saraiva, do Superior Tribunal de Justiça.


Entre 2018 e 2024, integrei a mesa de debates de diversos eventos, dentre quais, promovidos pela Comissão de Direito Tributário da OAB/SP e pelo Núcleo Fiscal do Mestrado Profissional da FGV Direito SP.


Respeitando minhas limitações, corro uma meia maratona todos os sábados, e mais 10Km aos domingos, completando 31Km semanais.


Desde janeiro de 2024, ocupo a posição de advogado tributarista em agroindústria líder do setor em que atua. Em nenhum momento as conversas com o RH e diretores (foram entrevistas com dois diretores), entraram na temática da minha faixa etária. As conversas sempre giraram em torno da experiência, realizações e cumprimento dos requisitos exigidos para o cargo.


Ou seja, mesmo fora do mundo corporativo por 7 anos, aos 58 de idade, retornei para um cargo de extrema importância, reportando diretamente a um C-Level. Não se tratou de vaga específica para os 50+, geralmente de baixa complexidade. Concorri a uma posição de mercado e fui contratado sem que o fator idade fosse colocado na mesa. Que a conduta das pessoas que participaram do meu processo seletivo, assim como a da empresa, inspirem muitos outros.


Em julho de 2024, com seis meses de empresa, meu trabalho foi reconhecido com uma entrega que figurou entre os 12 melhores projetos da empresa entre julho de 2023 e junho de 2024, concorrendo com todas as áreas. Fruto de esforço e trabalho em equipe.


E o que considero muito importante, os efeitos no "benchmarking" após os 50 anos, que só vem com a experiência de vida. Reencontrei pessoas maravilhosas, que fazem parte da minha história profissional. Além disso, conheci muitas outras, algumas que já admirava à distância e tive o prazer de passar a ter contato pessoal.


Olhando para o que venho construindo depois dos 50 anos, e observando o contingente de desempregados considerados "acima da idade", deixo aqui uma mensagem aos recrutadores e empresas que ainda consideram candidatos acima de 50 anos velhos e sem energia para o mercado de trabalho. A discriminação etária não é apenas desprezível, ela é também uma atitude nada inteligente.


E falando em energia, a foto que ilustra o artigo, que aliás, é proposital, mostra minha preparação para um treino aeróbico desta semana, após o expediente, com frio em São Paulo cuja sensação térmica na rua era negativa. Exercícios físicos rejuvenescem a mente.


Esta é parte da minha história, com diversas atividades profissionais e acadêmicas simultâneas. Nada mal para um "velho que completará 59 anos daqui a 5 dias anos e sem energia", não é mesmo, empresas e recrutadores que discriminam profissionais maduros?


Eu escolhi um caminho independente desde a demissão, percorri este caminho por 7 anos e recentemente voltei para o mundo corporativo, mas muitos, ainda mais jovens do que eu, com pouco mais de 40 anos, buscam uma nova oportunidade no mercado de trabalho, com muita garra, energia e experiência para encontrar soluções que as empresas precisam.


É inadmissível que programas de inclusão e diversidade fiquem apenas no discurso e nos sites corporativos, especialmente num país com mais de 7 milhões de desempregados e 20 milhões de famílias em situação de pobreza, e centenas de milhares de profissionais maduros e qualificados prontos para recomeçar, ou continuar.


*Artigo escrito originalmente em 2021, reescrito e atualizado.


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Nota: Esta publicação possui caráter informativo e genérico, não constituindo opinião jurídica para qualquer operação ou negócio específico.


Permitida a reprodução total ou parcial desde que citada a fonte.


Reginaldo Angelo dos Santos é mestre em Direito pela EPD SP, especialista em Direito Empresarial pela FGV DIREITO SP e em Direito Tributário pela PUC/SP e graduado em Direito pela FMU SP. Pesquisador do Grupo de Pesquisa: Métodos Alternativos de Resolução de Controvérsia em Matéria Tributária do Núcleo do Mestrado Profissional da FGV DIREITO SP, membro da Comissão Especial de Direito Tributário da OAB/SP, advogado tributarista e professor de MBA em Gestão Tributária em São Paulo.

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